Articulação Oral x O.I.
Por um tempo atrás comecei a observar sobre a dicção da pessoa com Osteogenesis Imperfecta e em especial a minha...foi quando vi a importância, de ter acompanhamento com uma fonoaudiologa, e saber mais os Porquês dos Por ques rs!!
A Glória foi minha fonoaudiologa na USP, maravilhosa por sinal, e com todo o entrosamente que tivémos e resultados obtidos naquele período, achei que seria de grande importânte passar isso pra todo mundo,já que a ciência falava tão pouco à respeito.
Ela aceitou o meu convite, organizei uma palestra cientifica no Sesc Vila Mariana- SP, através da associação que eu era voluntária na epóca, e aspectos sobre "Fonoaudiologia e Osteogenesis Imperfecta", se tornaram mais claros a partir daí.
Palato mais baixo(céu da boca), foz anasalada, froxidão dos ligamentos dos musculos da face, eram dúvidas que eu tinha naquele ano, já que eu estava naquele furor da idade, de saber de "TUDO" , quando se têm uma sindrome rara rs.
Hoje essa busca incessante já não me chama mais tanta atenção, o que busco é qualidade de vida dentro dos fatos apresentados.
Mas vamos ao artigo, segue logo abaixo!
Abraços,
Simone U.
Fonoaudiologia e Osteogenesis Imperfecta
A
osteogenesis imperfecta é uma doença genética que acomete o tecido conjuntivo e
tem como principais manifestações as deformidades e fragilidades ósseas,
esclera azul, e perda progressiva de audição.
As
características orofaciais comumente presentes nos portadores de OI são: rosto
triangular e testa larga, hipotonia da musculatura facial, hipermobilidade da
articulação temporo-mandibular, maloclusão (70 a 80% apresentam maloclusão
Classe III) e alterações de mordida (aberta e cruzada são as mais comuns).
A
fonoaudiologia, no campo da motricidade orofacial, tem por objetivo
proporcionar uma melhora na qualidade de vida aos portadores de OI e melhorar
os aspectos estéticos da face. São realizadas massagens na musculatura facial
para reduzir a dor, exercícios para aumento da mobilidade e do tônus muscular,
além de auxiliar no restabelecimento das funções estomatognáticas de
respiração, mastigação, deglutição e fala, comumente afetadas por conta das
alterações músculo-esqueléticas.
A
respiração é um aspecto importante a ser desenvolvido com pacientes de OI,
através de exercícios para aumento da capacidade respiratória. A respiração
adequada, bem como a simetria e funcionalidade das estruturas orofaciais são
fundamentais para se ter uma boa voz e uma fala clara.
Pacientes
que apresentam alterações músculo-esqueléticas podem apresentar alterações de
fala. As alterações de oclusão, mordida, dentes e do espaço intraoral, devido
ao crescimento facial assimétrico, podem propiciar o aparecimento de pontos
articulatórios inadequados, ocasionando essas distorções na fala. A
fonoaudiologia pode auxiliar o portador de OI a ter uma fala melhor articulada,
sem distorções, e melhorar a qualidade vocal.
Por
conta das alterações dentárias, como ausência de dentes, dentinogênese
imperfeita e uso de próteses dentárias, a fonoaudiologia irá atuar no intuito
de restabelecer e adaptar as funções de mastigação e deglutição.
A
perda de audição afeta 50% dos portadores de OI, é progressiva e se inicia na
2ª e 3ª décadas de vida. É importante realizar avaliações audiológicas
completas desde a infância e periodicamente, para detectar precocemente uma
perda de audição.
A
orelha média possui 3 pequenos ossos interligados responsáveis pela condução do
som, o martelo, a bigorna e o estribo. Nos portadores de OI esses ossículos
podem ser frágeis e sujeito a fraturas ou ser malformados, e pode ocorrer
também a fixação do estribo na janela oval. Em alguns casos, é possível
realizar uma cirurgia de orelha média para substituir o estribo por uma
prótese, e assim, possibilitar a transmissão do som.
Dói
et al (2007) publicaram um estudo onde verificaram que todos os pacientes
portadores de OI que realizaram essa cirurgia apresentaram melhora significativa
na audição.
Outra
alternativa para melhorar a audição é a adaptação de aparelhos de amplificação
sonora. O médico otorrinolaringologista é o profissional que realiza a
indicação do aparelho. O fonoaudiólogo irá selecionar e adaptar o aparelho de
amplificação sonora mais adequado para o tipo e grau de perda auditiva do
paciente.
Bibliografia
Doi
K., Nishimura H., Ohta Y., Kubo T. Stapes
surgery in Japanese patients with osteogenesis imperfecta. Adv
Otorhinolaryngol,
65:226-30, 2007.
Engelbert, R.H.H.,
van der Graaf, Y., van Empelen, R., Beemer, F.A., Helders, P.J.M. Osteogenesis imperfecta in childhood:
impairment and disability. Pediatrics.
v.99, n.2 February, 1997.
Gerber L.H.,
Binder H., Weintrob J., Grange D.K., Shapiro J., Fromherz W., Berry R., Conway
A., Nason S., Marini J. Rehabilitation
of children and infants with osteogenesis imperfecta: a program for ambulation.
Clin
Orthop Relat Res.
Feb;(251):254-62, 1990.
Hultcrantz,
M., Saaf, M. Stapes surgery in
osteogenesis imperfecta. Adv Otorhinolaryngol. 65:222-5,
2007.
Marchesan,
I.Q. Alterações de fala de origem
musculoesquelética. In: Ferreira, L.P., Befi-Lopes, D.M., Limongi, S.C.O.(org).
Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2004. Cap.25.
Marchesan,
I.Q. Alterações de fala músculo-esqueléticas:
possibilidades de cura. In: Comitê de Motricidade Orofacial da Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia. Motricidade
orofacial: como atuam os especialistas. São José dos Campos: Pulso, 2004.
Cap.28.
O’Cornnell,
C., Mariani, J.C. Evaluation of oral problems in an osteogenesis
imperfecta population. Oral Surg
Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod, v.87, n.2, 1999. p.189-196.
Gloria Pongracz
Fonoaudiologa -USP